domingo, 26 de junho de 2011

Carros 2

Crítica por Rodrigo Forlani

Numa daquelas brincadeiras de photoshop que surgem online e logo se espalham, o pôster sincero de Carros 2 (Cars 2) tem no título "Brinquedos Irritantes" e a frase "A melhor chance da DreamWorks de vencer um Oscar em anos". Discordo da primeira parte, porque em geral os produtos licenciados da Disney são de boa qualidade. Mas com o belo Kung Fu Panda 2, esta é, sim, a grande oportunidade da DreamWorks de faturar uma estatueta da academia desde que ganhou com Shrek, em 2002, batendo Monstros S.A..

O primeiro Carros, de 2006, é considerado por muitas pessoas (eu incluso) o mais fraco dos longa-metragens da Pixar e fomentou muitas reclamações quando sua continuação foi anunciada. O que pouca gente vê é que a franquia, diferente dos filmes mais recentes do estúdio é a que menos foca no público adulto. Era comum ver adultos aos prantos enquanto assistiam a Up - Altas Aventuras e Toy Story 3, mas eu vi a empolgação de meu filho de dois anos e meio levantando os braços e pulando no meu colo quando viu no cinema o trailer de Carros 2. "Ka-tchow", gritava ele. Ka-tchim, fazia os cofres da Pixar.

E para aumentar as possiblidades de lucros são inseridos aqui muitos novos personagens e, consequentemente, brinquedos. A aventura começa com Finn McMíssil, um carro-agente-secreto que viaja até o meio do oceano e descobre plataformas de petróleo no lugar onde um antigo colega de equipe foi visto pela última vez. Essa primeira sequência de ação já mostra o tom de espionagem que vai permear todo o desenho e tem provavelmente as únicas tomadas que realmente ressaltam o 3D. Lá somos apresentados também ao Professor Z, um típico vilão alemão dos filmes da época da Guerra Fria.

Longe dali, em Radiator Springs, Relâmpago McQueen retorna à cidade depois de vencer seu quarto título da Copa Pistão. Só alegria para Mate, seu melhor amigo, que já tem uma agenda completa do que os dois podem fazer durante as férias. Mas quando um carro italiano, Francesco Bernoulli, começa a dizer em rede mundial que é mais rápido que McQueen, todos decidem deixar o descanso de lado e enfrentar o World Grand Prix. O circuito de corridas ao redor do mundo vai colocar os melhores veículos para correr em diversos terrenos, provando quem é mesmo o mais rápido do mundo. O campeonato foi idealizado por Sir Miles Eixodarroda, um milionário do petróleo que descobre uma nova fonte de biocombustível, que abastece os tanques de todos os competidores.

Ao contrário do primeiro filme, Carros 2 é mais focado em Mate do que em McQueen, que chega a ser deslocado para o segundo lugar nos créditos finais, em detrimento do seu melhor amigo. Inocente como sempre, o guincho enferrujado é quem vai acabar se tornando um agente secreto e parte fundamental na trama, além de ajudar o amigo a entender uma nova lição de vida: não tente mudar os outros, aceito-os como eles são.

Toda essa moral da história, que é muito melhor diluída e discreta nos filmes recentes da Pixar, é reflexo também da infantilização da trama. Aos mais velhos, vão sobrar os easter-eggs e todos os trocadilhos possíveis com carros e acessórios, desde os nomes dos novos personagens até a uma propaganda do patrocinador de pneus Lassetire - piadinha com o nome do chefão da Pixar, John Lasseter. Não deixa de ser um bom filme, mas sem o aditivo Pixar no combustível.

 

Fonte: Omelete

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